Este trabalho busca desenvolver uma análise das ilustrações de Eugène Delacroix (1798-1863) para a primeira parte de Fausto, uma tragédia, obra de Johann Wolfgang von Goethe originalmente publicada em 1808; mais especificamente, a pesquisa tem como foco as representações do diabólico materializadas no personagem de Mefistófeles. Através de leitura de textos e pesquisas de autores como Haroldo de Campos, Francisco R. S. Innocêncio e Marcus Vinícius Mazzari foi possível compreender melhor a contextualização e os significados de Fausto; traçar características de Mefistófeles em sua representação diabólica entendendo-o como um personagem carnavalizado, dual e irônico e, por fim, relacionar quais foram os interesses de Delacroix em produzir a série de litogravuras para a obra, que impressionaram até mesmo o próprio poeta. A partir dessa contextualização, foram selecionadas ilustrações que melhor exemplificam a relação entre Fausto e Mefisto e, através de uma análise comparativa entre o texto e imagens, compreender quais elementos atraíram a atenção do artista em ilustrar determinadas passagens do texto em detrimento de outras e quais foram os resultados gráficos dessas escolhas. A leitura comparada entre texto e imagem permitiu entender como Delacroix interpretou o texto de Goethe e seus personagens, e quais elementos de composição reforçam a relação de dualidade de Mefistófeles, reafirmando a sua presença como uma contraparte sombria de Fausto. Foi possível, também, entender as referências teatrais que o pintor inseriu nas ilustrações e a escolha da técnica, uma vez que a litogravura permitiu composições de grande dramaticidade nos contrastes de luz e sombra, reafirmando os conceitos do Romantismo nas artes visuais.