Última alteração: 2019-08-13
Resumo
Este texto pauta-se em experiências desenvolvidas a partir do entendimento de que dançar é uma ação cotidiana e construída na relação do corpo com seu entorno e pelas ações deste corpo ao deslocar-se de um lugar a outro, ao realizar atividades de trabalho para sustentar-se, entre outros aspectos que constituem seu dia-a-dia. O contexto deste projeto diz respeito a minha experiência recente em dança quando passei a freqüentar aulas no Curso de Dança da UNESPAR e aulas de educação somática em um projeto de extensão. Estas aulas provocaram indagações já que eu não tinha experiência anterior em dança, ao mesmo tempo em que eu demonstrava conhecer estratégias e movimentação condizente com exigências de improvisação e composição, por exemplo. Uma das perguntas que conduzem o pensamento deste projeto indaga, portanto, como uma dança se cria e se desenvolve articulada à percepção de si e das atividades e ações cotidianas. A proposta foi amadurecendo e assumiu-se o andar de bicicleta como um procedimento de corpo e movimento, por me ser habitual como forma de deslocamento por percursos pela cidade no ir e vir entre universidade, trabalho, casa e espaços de lazer e convívio, como um lugar de análise da movimentação que me faz sentir viva, corporalizada e em processo de desenvolvimento de dança. Metodologicamente, ainda e além dos circuitos de bicicleta e das escritas levantadas de modo poético e corporalizado, a revisão bibliográfica de autores como Cohen (2015), Greiner e Amorim (2003) e Ponty (1999) gerou ressonância com a escrita que me possibilitou compreender como conclusão temporária, que a dança se faz ao encostar, cruzar e se relacionar com o que existe no momento presente de existência de um corpo, sem necessariamente serem os treinamentos técnicos e levados à exaustão que permitem a um corpo dançar. O modo como se observa, analisa e vivencia o que se faz é o que pode definir ou não do que se trata um corpo que dança.