Última alteração: 2019-08-13
Resumo
Esta pesquisa tem como ponto de partida danças que se correlacionam aos estímulos do ambiente onde emergem como o Breaking e que foram geradas em ambientes periféricos urbanos, partindo da confluência de informações e conteúdos culturais dos públicos que compunham a formação cultural destes locais, a exemplo das periferias nova iorquinas na década de 80. Periferias estas, com uma população majoritariamente de negrxs e latinxs, como tratamos no PIC anterior que abrangeu questões de construção cultural e identificação de elementos de diáspora na dança do Breaking. Visa dar continuidade ao estudo do Breaking e acrescenta a dança Passinho, analisando a improvisação como um dos modos de organizar estas práticas e, buscando refletir sobre os corpos que as dançam e sobre como estes corpos e estas danças são aceitos e (ou) legitimados em espaços como estúdios de dança, teatros e universidades. O texto baseia-se no autor Frantz Fanon, mais especificamente, em seu Livro “Pele negra máscara branca” que reflete sobre como se dá o processo de colonização e omissão de valores culturais e saberes tradicionais, com a busca pela inserção a universos arquitetados primordialmente a partir da colonização. Quando surgem danças que carregam consigo um viés de herança cultural negra no seu modo de agir e pensar, estes corpos são barrados ou por vezes induzidos a repensar o seu lugar na arte, e seus modos de colocar-se no mundo. Para isso, a metodologia, ainda inclui entrevista realizada com o dançarino Khalifa, artista da dança Passinho baseando-se também, no conhecimento empírico de artistas que muitas vezes buscam a validação do que fazem diante de determinada estrutura, em uma constante necessidade de provar seus valores e de adaptar-se a um universo outro. Conclui-se que com isso acaba-se transformando e alterando o que essencialmente compõe estas danças e culturas, alterando também, as maneiras de resistir diante em uma sociedade cuja estrutura posta é dada a partir da colonização e escravatura.