Iniciação Científica (PIC) e Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (PIBITI), V EAIC e II EAEX

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AS RIMAS VISUAIS COMO RECURSO NARRATIVO EM ME CHAME PELO SEU NOME
Rafael Alessandro Viana

Última alteração: 2019-08-13

Resumo


Me Chame Pelo Seu Nome (2017), dirigido por Luca Guadagnino e roteirizado por James Ivory, apresenta a história do súbito romance de Elio e Oliver, abordando temas universais como amadurecimento, sexualidade e desejo. O presente trabalho propõe uma análise reflexiva das rimas visuais (repetições gráficas) e seus efeitos narrativos em Me Chame Pelo Seu Nome, explicitando como a mise-en-scène cria relações imagéticas a fim de desenvolver o relacionamento dos personagens ao longo do enredo. O foco da análise recai sobre o modo com que o longa-metragem compõe cenas que remetem a outras cenas a partir de recursos da linguagem cinematográfica e o que essas repetições de gestos e símbolos evocam na narrativa. Para isso, o artigo está pautado na análise de dois “motivos” – na concepção de Bordwell e Thompson (2014), qualquer elemento significativo repetido num filme – que atravessam o enredo. O primeiro motivo é o gesto de Oliver ao tocar o rosto de uma estátua inspirada no trabalho de Praxiteles recém dragada do fundo do mar. Ao repetir o mesmo movimento posteriormente com Elio, o gesto leva para essa segunda ação uma carga de significados adquiridos na primeira cena e cria um paralelo que propõe uma analogia na adoração de Oliver pelos objetos de seu toque: a estátua de Praxiteles e Elio. Já o segundo motivo em analise trata-se de um objeto que se destaca ao longo da narrativa por seu significado original e também pela carga simbólica que ele adquire a partir de sua recorrência ao longo da trama: o pingente de Oliver em formato da Estrela de Davi (hexagrama). O adereço, além de ser apresentado como um totem do judaísmo, é fetichizado por Elio, que passa a portar um pingente semelhante ao de Oliver, revelando um novo estágio em seu processo de apaixonamento e identificação com o personagem. Com isso, as duas análises apontam para procedimentos utilizados pelo longa-metragem que ao construir repetições (rimas visuais) ao longo do enredo manifestam por meio de gestos e adereços o amor e a adoração mútua entre os personagens.