Os estudos de intermidialidade surgiram no final do século XX, incluindo em seu campo de pesquisa não apenas a literatura, ou a imagem, mas todas as mídias. Segundo Claus Clüver, “intermidialidade” é um nome concebido recentemente para denominar, algo que acontece em todas as culturas e épocas, tanto no cotidiano, como em diversas áreas e manifestações culturais, inclusive na arte. O conceito implica “todos os tipos de inter-relação e interação entre mídias;” (CLÜVER, 2011, p.9).  Como a produção cultural e artística continua se expandindo com fronteiras cada vez mais tênues, os estudos de intermidialidade vêm ganhando espaço entre os teóricos, uma vez que dá conta das discussões entre distintas linguagens, principalmente depois que a arte contemporânea mesclou vários campos de pesquisa anteriormente separados, como no caso do ready made, performance, assemblagem etc. O projeto em questão efetuou uma análise do processo de transposição midiática, da escrita para a ilustração, de oito crônicas do livro “Para não esquecer” de Clarice Lispector. Divididos em três pilares o primeiro deles um estudo sobre a história da ilustração e seus vínculos com as técnicas de gravura, principalmente na modalidade gravura em metal. Em segundo a análise literária das crônicas a serem transpostas, com base nas pesquisas de Barbosa e Moraes (2008) e Nunes (1973) literários que se aprofundaram nos estudos sobre Lispector estabelecendo paralelos entre sua literatura e os escritos existencialistas (HEIDEGGER ,1927; KIERKEGAARD, 1968). E por fim os estudos de intermidialidade disseminados por Clüver (2011), um dos principais autores na área, serão o fundamento teórico para a análise processo de ilustração, perpassando pelas dinâmicas de criação da imagem que foram criadas com referências estéticas dos ilustradores gravuristas Osvaldo Goeldi e Potty Lazzarotto. Ao longo da pesquisa observamos que a área da intermidialidade tem muito a contribuir para os processos de ilustração. Demonstramos como são feitas algumas das escolhas do transpositor, bem como quais camadas dos textos necessitam maior atenção da transposição e quiçá como ela pode auxiliar o leitor na hora de compreender o texto-fonte. Evidentemente uma mídia jamais abarcará a complexidade da outra, estabelecendo-se sempre uma relação de complementariedade. Sabe-se que o campo de produção da imagem está cada vez mais híbrido e defendemos que o campo da intermidialidade oferece grandes contribuições para o estudo e análise das mídias e da arte. Esperamos que tal estudo tenha trazido à tona os principais conceitos e questões da intermidialidade e suas contribuições pra o campo das artes principalmente das ilustrações.