Iniciação Científica (PIC) e Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (PIBITI), V EAIC e II EAEX

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O Satã de Milton nas ilustrações de William Blake
Fabricio Vaz Nunes, Patrícia Ribeiro Dantas de Melo e Bertin

Última alteração: 2019-07-22

Resumo


Publicado pela primeira vez em 1667, Paraíso Perdido, o poema épico de John Milton (1608-1674) que narra a história da queda de Satã e a perda do paraíso por Adão e Eva, estava destinado a se tornar um dos grandes clássicos da literatura inglesa, tendo sido ilustrado por diferentes artistas. Entre 1807 e 1808, William Blake (1757-1827), poeta, gravador, ilustrador e pintor, produziu duas séries completas de ilustrações para o poema de Milton, além de uma terceira série inacabada. Uma das peculiaridades das imagens criadas por Blake para o poema é a forma como ele representa Satã, personagem que no texto de Milton passa por um processo de degradação de seu caráter, representada visualmente por outros ilustradores como uma transformação antropomórfica que tende ao monstruoso. Em contraste, Blake representa o personagem de forma humanizada, quase sempre inalterada e com características heroicas. Este trabalho propõe uma análise das representações de Satã nas ilustrações de William Blake, relacionando-as com o texto de Milton, tendo como objetivo evidenciar, assim, a singularidade da interpretação de Blake e demonstrar as relações intermidiáticas que as imagens estabelecem com a obra de Milton e com o conceito de mal presente na obra literária do ilustrador. Como metodologia de pesquisa foi feita a leitura atenta do Paraíso Perdido de Milton e a identificação das passagens do texto correspondentes às ilustrações. Também foi feita uma análise pré-iconográfica e iconográfica das imagens, empregando elementos do método iconográfico de Erwin Panofsky, buscando tecer relações tanto com o poema de Milton quanto com algumas obras de Blake. Foi feita a leitura de artigos e livros relacionados com o tema, bem como de obras literárias do ilustrador, como O casamento do céu e do inferno e Milton. A partir dessa pesquisa foi possível concluir que além de representar passagens da obra de Milton em suas ilustrações, Blake, através de sua representação singular de Satã, também retratou elementos presentes em sua iconografia e ideologias próprias, ressignificando o personagem para que também refletisse seu conceito de mal como energia necessária ao equilíbrio das forças contrárias da atração e repulsão, da passividade e da atividade, contrapondo-se às instituições e crenças que tolhem a liberdade humana.


Palavras-chave


Ilustração de livros. William Blake (1757-1827). Paraíso Perdido.