Última alteração: 2019-08-14
Resumo
Os últimos casos de intolerância e censura nas artes, dentro do Brasil, apontam a latente onda de agressividade e ataques pudicos aos quais os artistas têm enfrentado para poder expressar-se. Ataques que ganham força pelo anonimato das redes sociais. Em julho de 2017 uma performance realizada pelo artista Maikon Kempinski em frente ao Museu da República em Brasília foi interrompida por policiais após uma denúncia de “ato obsceno”. Em setembro a mostra coletiva Queermuseu - Cartografias da Diferença na Arte Brasileira foi alvo de ataques de ódio que se propagaram a modo de cancelarem a exposição em Porto Alegre. No mesmo mês o coreógrafo Wagner Schwartz foi extremamente hostilizado após sua performance, encenada dentro do Museu de Arte Moderna de São Paulo, pelo fato de estar nu e ter sido assistido e tocado por uma menor de idade, que na ocasião estava acompanhada de sua mãe. Este trabalho tem o intuito de explorar a formação do pudor e analisar como ele chega ao mundo das artes nas formas de censura e conservadorismo intenso, demonstrando as consequências da disseminação de notícias falsas e de teor pudico das artes visuais pelas redes sociais. Para tanto, usou-se a metodologia dedutiva, através da análise de informações embasadas em textos existentes sobre as influências eclesiásticas, mitológicas, filosóficas e psicológicas na criação do pudor sobre a sociedade. Como estratégia prática de ação, foi elaborado um questionário para coletar informações com artistas, curadores, produtores e professores de Artes sobre suas experiências pessoais quanto ao pudor e a censura nas artes visuais. Com a realização desta pesquisa pode-se chegar à conclusão de que o comportamento humano quanto ao sentimento de pudor que se expande e é explicitado perante as artes visuais, vem sendo moldado e formatado para que as partes pudicas dos seres sejam vistas como algo que deve ser preservado e caso exposto é entendido como subversivo, um pecado, sendo fortemente atenuado à sexualidade. A constante censura que parte desde as famílias, das bancadas religiosas, passa pela escola e se reflete em sociedade como consequência, acaba por trazer medo para toda a classe artística e cultural. Como exploração do tema realizou-se um trabalho fotográfico corporal, para afrontar a censura e o pudor nas artes visuais.