Última alteração: 2019-08-11
Resumo
Esta pesquisa buscou compreender algumas das possíveis conexões entre arte, política e a Teoria Queer. Partindo do pressuposto do filósofo Ranciére (2002, p. 16-17), de que a política perpassa tudo o que vemos e o que dizemos sobre o que vemos, buscamos primeiramente refletir sobre como a arte pode possuir o caráter político. Esse é o caso da arte ativista que se destaca por funcionar como um canal de fala para as minorias ou populações subalternas. A partir deste ponto, nos debruçamos à compreender a Teoria Queer, e nos deparamos com críticas sobre o distanciamento entre a teoria – que chega no Brasil por vias acadêmicas e acaba ficando neste âmbito – e a militância LGBTQI+ no Brasil. Tal fato trouxe o questionamento sobre como a arte contemporânea brasileira que flerta com a Teoria Queer se posiciona. Está mais próxima da militância ou da academia? Um dos importantes exemplos para nossas análises foi a exposição “Queermuseu: cartografias da diferença na arte brasileira” de 2017, que aconteceu em Porto Alegre (RS) e acabou sendo censurada. Antes dos protestos que pediam a censura, durante a abertura da mostra, houve uma intervenção artística realizada pelo coletivo Rasgo, que questionava a falta de representatividade de artistas LGBTQI+. Na reabertura da exposição no Rio de Janeiro em 2018, que aconteceu decorrente de um forte apoio da classe artística, outras ações questionadoras aconteceram: o coletivo “Seus Putos” realizou o “TrouxaMuseu”, e a artista Gabe Passareli realizou uma performance. Ambas teceram uma crítica ácida e irônica sobre a quase inexistente presença de artistas queer na tão comentada mostra. Diante destes acontecimentos, tecemos nesta pesquisa análises que visam refletir sobre a invisibilização da comunidade queer, e a dupla maneira de atuação que a arte brasileira recente vêm tratando da Teoria Queer, traçando paralelos entre as vias institucionais e as manifestações de arte ativista.
Palavras-chave: Teoria Queer. Arte-ativista. Exposição Queermuseu.