RESUMO: Este artigo analisa a relação entre imaginário feminino e espacialidade plástica na Série Envolvimento da artista brasileira Wanda Pimentel realizada entre 1968 e 1969. Por influência estética da Nova Figuração no Brasil na década de 60, é possível perceber em suas pinturas a construção de um espaço figurativo, com silhuetas e objetos do cotidiano. As silhuetas, partindo de uma leitura visual nos evocam a necessidade de se incorporar uma narrativa, na qual designamos às silhuetas um gênero e consequentemente uma história. Esta associação nos indica um problema e a investigação dos elementos iconográficos, que neste caso reforçam a identificação com um gênero, se faz necessária. No artigo foi realizada uma pesquisa histórico-documental, apoiada em uma literatura de gênero, design, tendências artísticas e contexto histórico, com a qual foi possível traçar um conjunto de associações que tem em comum a criação de um imaginário feminino. Este imaginário feminino está inscrito em uma linguagem que cria significados para objetos e pessoas, regulando suas relações. Nas silhuetas de Wanda Pimentel vemos a presença de uma figura feminina em fragmentos de uma silhueta, embora não exista a construção de um corpo inteiro em nenhuma de suas pinturas. É por meio desta associação com objetos e sujeitos que carregam e perpetuam seus próprios significados, que nossa leitura visual não só se afeta, como também reforça estes mesmos significados, numa espécie de relação cíclica. Esta relação legitima discursos e regula relações sociais, onde sujeitos ocupam espaços predestinados que são difíceis de serem rompidos. A Série Envolvimentos é uma excelente série para abordar a noção de gênero e nos faz crer que a partir da nossa leitura visual, conseguimos denunciar algumas associações e possivelmente criar uma nova narrativa.

Palavras-chave: Wanda Pimentel; feminino; espaço.