Última alteração: 2017-07-26
Resumo
Os moluscos terrestres possuem importância intrínseca no ambiente em que vivem e contribuem para a manutenção dos habitats onde estão inseridos. Conhecer a malacofauna existente no Paraná é fundamental para acessar a diversidade dos ecossistemas e, considerando a escassez de estudos para o grupo, pode revelar novas espécies e embasar estudos filogenéticos. O Parque Estadual Rio da Onça é uma unidade de conservação que abrange a formação vegetacional da planície costeira do Estado do Paraná com 118,50 hectares (Lat 25º47’20” S, Lon 48°31’36” W), estando a 400 metros de distância da linha de costa. O objetivo deste trabalho é inventariar as espécies de moluscos terrestres do P.E.R. O e descrever sua dinâmica espacial e sazonal. As amostragens foram efetuadas mensalmente, de novembro de 2016 até junho de 2017, em seis pontos distantes de 5m da trilha principal (1,5 km) para diminuir o efeito de borda. Em cada ponto, duas pessoas buscavam ativamente os gastrópodos durante 30 minutos, considerando dois substratos: solo (serapilheira); arbustos (parte lenhosa e foliácea das plantas). Em cada ponto foi feita ainda a raspagem da serapilheira em uma área aleatória de 1 m². A serapilheira foi triada em bandejas plásticas utilizando-se pinças, pincéis e peneiras. As conchas encontradas foram colocadas em frascos devidamente etiquetados: local, data, horário, coletor e quantidade. Em laboratório, os espécimes vivos foram estimulados a saírem da concha para serem fotografados em deslocamento. Posteriormente, distendidos por submersão em água e fixados em álcool 70%. A identificação das espécies ocorreu por observação e separação dos indivíduos em morfotipos sob microscópio estereoscópico. A taxonomia foi efetuada utilizando-se literatura especializada, visitas a coleções malacológicas e consulta a especialistas. Foram coletados 122 indivíduos de 12 espécies, distribuídas em nove famílias. O outono foi a estação com maior abundância sendo junho o mês com maior número de registros. A espécie Lilloiconcha superba foi a mais frequente, com 30% do total, seguida de Gastrocopta geminidens (24%). Cerca de 65% dos indivíduos ocorreram nos arbustos e 35% na serrapillheira. O presente estudo aumentou o registro da malacofauna do parque, registrando novas ocorrências, demonstrando a necessidade de mais estudos na área e a importância da unidade de conservação.