Última alteração: 2016-09-20
Resumo
O objetivo de nosso estudo é analisar a obra Danse Macabre in Tallinn de Bernt Notke (1435?-1509), com o propósito de verificar como a iconografia registrou a crise instaurada pela peste negra por meio da representação da dança macabra. A proposta é direcionada pelos pressupostos teóricos provenientes da Educação, a qual é entendida por nós como um processo de formação humana que extrapola o âmbito das instituições formais de ensino. Nesse sentido, o corpo constitui-se como nosso objeto de investigação por compreendermos que suas manifestações expressam valores educativos presentes em diferentes sociedades. Para a efetivação de nossa pesquisa adotamos como encaminhamento metodológico a análise iconográfica proposta por Erwin Panofsky, que requer o dialogo das observações provenientes das imagem com demais fontes bibliográficas. O recorte temporal é estabelecido pela Baixa Idade Média, que de acordo com Franco Junior (2001) é o período entre os séculos XIV e XVI. Esse período é marcado por várias crises, entre elas o ressurgimento da doença epidêmica chamada de peste negra, que resultou inúmeras perdas humanas espalhando pavor por toda a sociedade medieval. Essa situação foi registrada na manifestação corporal conhecida com dança da morte, ou dança macabra, que a iconografia representou por esqueletos dançando de mãos dadas com pessoas pertencentes a diferentes segmentos sociais. A realização desse estudo nos proporcionou entender que a consciência de que todos os homens tem o mesmo fim, a morte, foi importante para os medievais repensarem a hierarquização social que dividia os homens em oratores, belatores e laboratores. Essa reflexão, expressa na dança macabra, pode ter influenciado a nova compreensão de sociedade e de homem que se estabeleceria na modernidade, o que nos possibilita entender que as manifestações corporais são importantes registros históricos de como os homens pensavam e viviam em outros contextos históricos.