O discurso presente na ação na cena da dança do ventre apresenta características essenciais que definem essa dança: o figurino top, cinturão e saia e a movimentação que parte do centro do corpo, definindo os desenhos espaciais em ondulações, vibrações e de quebra de fluxo. Neste projeto de iniciação científica, a abordagem utilizada transcorre da relação do figurino da dança do ventre e o conceito de performatividade do corpo. Sobretudo, utilizando o repertorio técnico dessa dança e de uma perspectiva da dança contemporânea, que alia investigação no processo de criação em dança, concernentes à experiência promovida pelo curso de graduação em Dança desta Universidade. Para desenvolver os procedimentos de investigação, é utilizado os Mapas de Criação, articulado pela profª Dra. Rosemeri Rocha em sua tese de douturado, constatando pontos de partida para a problematização e configuração do projeto. O uso dos mapas colabora com a ideia da performatividade do corpo, de modo que os agenciamentos que decorrem das informações geradas dissolvem-se no olhar do artista, promovendo discurso próprio durante a ação. A pesquisa se concentra nas possibilidades de criação a partir de um repertório técnico, de uma indumentária carregada de imaginário simbólico, pretendendo discutir o corpo como objeto de estudo na sua totalidade científica, cultural e artística. Desse modo, os pontos de partida foram as leituras e reflexão sobre a imagem estética da dança do ventre que a representa, caracterizando não somente o figurino, mas o padrão de movimento técnico daquela. Embora inicialmente não houvesse pretensão de estudar a história da Raq´s Sharqui (como se denomina na língua árabe), durante as práticas ocorreram questionamentos sobre a estética do figurino como representação de outra cultura, que fizeram buscar a contextualização dessa dança para compreender a relação movimento-imagem. A escolha de tecidos leves sobre o tronco, e um cinto feito de retalhos de tecidos amarrado no quadril veio a partir da percepção dos movimentos da coluna, e definiu um artificio estrutural para a configuração do processo criativo. Entender esse transito entre o repertório técnico da dança do ventre, que se apresentaram em planos de movimento e um figurino que é também corpo, a configuração final resultou no borramento entre o questionamento da imagem e a produção de significados que foram construindo um próprio discurso de dança.