Última alteração: 2017-12-19
Resumo
A pesquisa investigou as inter-relações entre religião e política na campanha eleitoral de 2014 à Assembleia Legislativa do Estado do Paraná. Analisamos as representações mobilizadas por quatro agentes religiosos evangélicos eleitos – candidatos que assumiram serem membros da hierarquia eclesiástica ou participantes ativos de uma religião –, sendo eles: Pastor Edson Praczyk, pertencente à Igreja Universal do Reino de Deus e ao Partido Republicano Brasileiro (PRB); Pastor Gilson de Souza, vinculado à Igreja do Evangelho Quadrangular e Missionário Ricardo Arruda da Igreja Mundial do Poder de Deus, ambos eleitos pelo Partido Social Cristão (PSC); e por fim, a candidata Cantora Mara Lima, integrante da Igreja Assembleia de Deus e do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB). O corpus documental foi coletado junto ao Grupo de Pesquisa Cultura e Relações de Poder durante a campanha em 2014 e examinado por essa pesquisa. Entre as fontes podemos mencionar: panfletos; flyers; Horário Eleitoral Obrigatório; blogs e fanpage dos candidatos; jingles; reuniões com partidários, eleitores e instituições religiosas. Realizamos a tabulação e descrição desses materiais, organizando em tabelas, quadros e textos, o que possibilitou a leitura sistemática da empiria. Pastor Edson Praczyk utilizou o slogan “A diferença que vêm de Deus” e recebeu o apoio de bispos e pastores da IURD que o colocaram como representante oficial da instituição. Já o Pastor Gilson de Souza se pautou na proteção da família e no “direito de se manifestar contra as práticas imorais e/ou anticristãs”. Missionário Ricardo Arruda intitulou-se homem de Deus e teve como principal apoiador o Apóstolo Valdemiro Santiago, fundador da IMPD. A cantora Mara Lima se declarou representante do povo de Deus e defensora da família, utilizando-se do apoio de ícones ligados à cultura gospel. Concluímos que esses agentes religiosos empreenderam a inserção da religião no espaço público, com a exibição de suas propostas que carregavam uma identificação religiosa e conservadora, reafirmando, assim, a participação e a capacidade de influência do evangelicalismo pentecostal em campanhas eleitorais.