O presente projeto tem o intuito de discutir uma possível construção de dramaturgia em dança a partir do convívio social no cotidiano. O convívio social é aqui compreendido como um conjunto de troca de interações entre indivíduos ou grupos de indivíduos em determinada sociedade - a sociedade, segundo Georg Simmel é resultado de uma rede de interações sociais complexas decorrentes de razões e motivações diversas. Para Erving Goffman, os indivíduos em sociedade agem a partir de uma personalidade encenada a fim de obter resultados satisfatórios em suas relações sociais. O que move essa pesquisa é perceber o modo como nos posicionamos perante outras pessoas em nosso convívio - como nos portamos em busca de reconhecimento social e como os discursos representativos de quem somos no mundo são renovados continuamente no cotidiano a partir do convívio social. O objetivo da pesquisa é investigar como esses comportamentos podem se transformar artisticamente em dança. A criação em dança é fomentada pelo conceito de dramaturgia proposto pela autora Rosa Hércoles como a produção sígnica estabelecida a partir da tradução de um conceito ou ideia para a ação cênica, assim como a exploração de possíveis traduções por meio de protocolos investigativos particulares que tem o corpo como mediador. Para tanto, as estratégias metodológicas utilizadas são estudos teóricos a partir de Georg Simmel, Erving Goffman, Rosa Hércoles, entre outros autores; contato com as obras da artista Dani Lima, movidas pela relação com o cotidiano; assim como experimentação de um procedimento artístico. Propõe-se, portanto, uma reflexão acerca das possibilidades dramatúrgicas a partir das interações humanas no cotidiano em que regulamos nossa conduta, encenando papéis sociais diversos - representações de nós mesmos.