Este trabalho apresenta como propósito traçar um paralelo entre as relações de perda que se apresentam na literatura de autoria feminina contemporânea, tendo um enfoque da temática na obra Dois Rios, publicada em 2011.O contexto que permeia a obra é a pós-modernidade que apresenta características marcantes, tanto na fragilidade dos laços afetivos quanto nas personagens fragmentadas e plurais. O objetivo desse trabalho reside na análise da temática “perda” nos personagens Joana e Antônio, irmãos gêmeos, e na mãe Aparecida, traçando um paralelo entre o romance e a obra Luto e Melancolia, de Sigmund Freud. A metodologia também se constituiu na análise desse romance no tocante à temática “perda”, baseando-se em obras que tratam sobre os traços da modernidade líquida que permeia a obra, as identidades culturais fragilizadas que se encontram nos sujeitos contemporâneos, que protagonizam a literatura de autoria feminina contemporânea da autora. Mediante as análises realizadas, podemos realizar profundas reflexões sobre o tema “perda”, o luto e a melancolia no romance contemporâneo Dois Rios, suas diferenças e relações, a situação que contempla a falta de encaixe dos personagens Joana, Antônio e Aparecida, as fragmentações e os desajustes que refletem o que Freud afirma ao conceituar que somos “sujeitos de perda”. Também conseguiu-se observar as diferentes relações que a perda traz para cada personagem. Aparecida aprofunda-se em sua melancolia, no sentimento de suspensão, de desânimo e desordem psicológica que apresenta desde o início da obra e nos é apontado por meio de flashbacks. Já Joana e Antônio mergulham em um sentimento de luto e culpa, oriundos do fator traumático que foi a perda do pai. Com isso, podemos constatar que a temática da “perda”, do luto e da melancolia é retratada na literatura de autoria feminina, e que esses sujeitos pós-modernos representados nessa literatura são indivíduos com identidades dilaceradas e que, como sujeitos constituintes de fala, somos propensos a perda e, com isso, suscetíveis a romper a harmonia com a natureza. Esses conflitos e dramas que acompanham os personagens da sociedade contemporânea traçam uma linha com a psicanálise de Freud, que discute os conflitos psicológicos humanos.