Iniciação Científica (PIC) e Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (PIBITI), III ENCONTRO ANUAL DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA UNESPAR

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AS REVOLUÇÕES PROLETÁRIAS E A ORGANIZAÇÃO DA ESCOLA PÚBLICA MODERNA
Karla Cristina Prudente Pereira

Última alteração: 2017-08-01

Resumo


Este artigo dá continuidade à pesquisa anterior de iniciação científica, sobre as funções da escola pública na Revolução Francesa, com o intuito de analisar os objetivos que caracterizaram a sua estruturação na França, agora no decorrer do século XIX. Com base no referencial do materialismo histórico, a pesquisa é qualitativa e de caráter bibliográfico, envolvendo a análise de obras e textos de autores clássicos que abordaram tal questão, além de apoiar-se nas pesquisas mais recentes sobre o tema. Retomam-se os principais acontecimentos do século XIX, no qual se destacaram as revoluções proletárias. Estas ocorreram em meio à transição para uma nova organização social, que foi marcada pelos primeiros conflitos de classe típicos da sociedade capitalista. Ao tomar consciência das condições desiguais características da relação do capital, o proletariado entrou em conflito com a burguesia, levando à Revolução de 1848 e à Comuna de Paris, em 1871. O processo de organização da escola pública na França foi analisado no interior destes conflitos, a fim de entender as influências dos movimentos revolucionários para o mesmo. Os debates sobre a escola pública já haviam emergido durante a Revolução Francesa, embora sem ações concretas, devido às lutas intensas que caracterizaram o período. Na Restauração a educação pública foi organizada de forma a conter as reivindicações sociais, restringindo-se ao ensino primário para as classes populares. Nas Revoluções Proletárias de 1848, todavia, os trabalhadores reivindicaram a obrigatoriedade e a gratuidade do ensino, retomando-se o debate da escola pública. Com sua derrota sucedeu-se um complexo movimento reacionário, que acentuou o caráter autoritário e moral da educação. Na breve Comuna de 1871, os trabalhadores decretaram uma escola laica, integral e para todos. A repressão burguesa foi violenta e um dos resultados foi a instauração dos sistemas nacionais de ensino na França, pautados nos princípios da laicidade, obrigatoriedade e gratuidade, com caráter moral. É possível inferir que a classe burguesa reagiu perante a ameaça operária e considerou o potencial da escola como instrumento de contenção social. Foi o desenrolar destes atritos que levou à criação de uma escola a cargo do Estado, nos moldes que se mantém até a atualidade, evidenciando que os princípios gerais acerca da educação pública estão vinculados à manutenção de uma determinada ideologia e relação social.


Palavras-chave


História da educação; Revoluções proletárias; Escola pública