O contexto contemporâneo em dança propõe, em companhia a estudos de outras áreas de conhecimento como a biologia contemporânea, a articulação de eventos e configurações que se dão numa correlação temporal irreversível. Dessa premissa sobre a temporalidade surge a proposta de pesquisa em dança do ventre, cujos elementos que a compõe incidem e são incididos pela sua própria existência no tempo. Partindo dessa ideia de correlação, cuja proposição parte de estudos da Teoria Geral dos Sistemas (2008) se estruturou uma coreografia articulada ao conhecimento da historicidade em dança e, portanto, a partir da análise do processo evolutivo dessa dança. Para tanto, um dos recursos metodológicos foi a análise de aspectos compositivos técnicos utilizados na dança do ventre no período entre 1940 e 1990 que permitiu reconhecer características inerentes à reprodutibilidade do bellydance que se deram num contexto mercadológico que priorizava a estética e a forma do movimento. Sob esse viés, as possibilidades de criação que proponham outras lógicas de dança se tornam singulares fomentando o próprio estado de Permanência, e tal reflexão, também contribuiu para o desenvolvimento da coreografia. Nesse sentido, a dramaturgia da cena acabou por mostrar os estereótipos técnicos e compositivos como elementos norteadores para se pensar as possibilidades de criação em dança do ventre sob outras prerrogativas e lógicas organizacionais. O desenvolvimento da pesquisa, ainda coloca em questão as esferas do público e do privado presentes na relação entre os diferentes contextos onde a dança do ventre ocorria e ocorre a exemplo da própria cena artística, trazendo à tona a discussão dos valores da mulher e o entrelace que algumas grandes dançarinas promoveram como a “quebra de regra”.