Última alteração: 2017-08-11
Resumo
O presente artigo relata o processo teórico-prático da pesquisa que teve por disparador a palavra vexame. Buscando refletir sobre questões de identidade na contemporaneidade, a partir dos estudos queer, da performatividade, das fronteiras entre o corpo e o carnaval, teve-se por referência o Manifesto Antropófago, de Oswald de Andrade, e a miscelânea de culturas encontradas no movimento do Desbunde, nos anos de 1960 e 1970, no Brasil. As duas proposições performativas que resultaram dessa pesquisa guiaram-se pela tentativa de “fracassar”, sendo o excesso o principal mecanismo de criação. Para a escrita dos roteiros foram feitos exercícios de brain storm e de fluxos contínuos, procurando a desconstrução da narrativa lógica e normativa, assim como para a criação das visualidades da cena. As vivências em residências artísticas (War, com Fabio Salvatti (SC); Politizar a Ferida, com Jota Mombaça (RN); Reinvenção do Cabaré, com Ricardo Nolasco (PR) e Tempo de Trabalho, com Caio Riscado (RJ), também foram estopins de diversos questionamentos, os quais lançaram a problemática de se programar para desprogramar.
A cena Colokada, teve sua primeira apresentação no INTERARTE, realizado na UNESPAR – Campus de Curitiba II – FAP, e a segunda, já re-adaptada, integrou o Frete de Vedete – Invasão Selvática, no Teatro Novelas Curitibanas, em dezembro de 2016. Nas bibliografias constaram os estudos voltados para a performance art, a exemplo de Renato Cohen, Eleonora Fabião, La Pocha Nostra, os voltados para as teorias filosóficas de gênero, como Judith Butler, Paul Beatriz Preciado, Jota Mombaça, Miro Spinelli, Indianara Siqueira, Michel Foucault e estudos sobre os artistas Antonin Artaud, Hélio Oiticica, Lygia Clark, André Masseno, Lyz Parayzo, Coletivo Casa Selvática, Roberto Piva, Beatriz Azevedo. Nessa pesquisa tentou-se aprofundar o sentido de vexame conforme o entendido pelo grupo Dzi Croquettes: uma afronta, um ultraje em prol da descolonização e da arte de resistência.