Última alteração: 2017-07-19
Resumo
O presente projeto parte de experiências de estudantes de Licenciatura em Letras da Universidade Estadual do Paraná - Campus de Paranaguá com o cinema e levanta informações sobre a função e o valor atribuídos por tais estudantes ao cinema e de que forma imaginam poder trabalhar com a arte cinematográfica em sala de aula. Trata-se de mapear um aspecto do horizonte de expectativa (Jauss, 1994) destes estudantes quanto ao cinema, tendo por objetivo mais amplo oferecer subsídios para o planejamento de práticas de formação do leitor crítico de cinema. Tais práticas visam ampliar a sensibilidade estética e visão crítica dos estudantes de Letras e outras licenciaturas, inserindo-os nas mais variadas modalidades de linguagem e preparando-os para o trabalho com o multiletramento na escola, com ênfase no cinema. Em nível teórico, o trabalho busca compreender, através do conceito de horizonte de expectativa definido por Hans Robert Jauss (1994), o papel do receptor na leitura de obras cinematográficas, segundo os pressupostos da Estética da Recepção. Uma outra noção operante neste trabalho é a de experiência, pensada a partir de Jorge Larrosa Bondia (2002), que abre aqui um caminho para se conceber formas de relacionamento com o filme que contribuam para a capacidade formadora e transformadora dos sujeitos. Além das pesquisas bibliográficas, o trabalho conta metodologicamente com uma pesquisa de campo, base de análise e verificações do horizonte de expectativa dos sujeitos deste trabalho, que permitiu investigar como os alunos julgam as suas experiências pessoais com o cinema, suas representações acerca da função e do valor atribuído ao cinema, além de revelar como imaginam trabalhar com esta arte enquanto futuros professores. Mais do que um simples entretenimento e de uma arte apenas representativa do mundo, há, entre os estudantes entrevistados, o reconhecimento da arte cinematográfica como sendo uma fonte de reflexão e conhecimento de mundo. Contudo, ao ser imaginado como um recurso no ambiente escolar, o cinema ainda permanece, para estes licenciandos, reduzido a uma ferramenta de apoio didático, o que traz impedimentos para um trabalho realmente significativo relacionado a este tipo de linguagem, limitando a experiência cinematográfica e seu potencial formador e transformador dos sujeitos que ensinam e que aprendem.
Palavras-chave: Cinema. Multiletramento. Estética da Recepção.