Última alteração: 2017-07-28
Resumo
Os siris são crustáceos decápodes intensamente pescados em todo o litoral brasileiro. Dados recentes apontam que a espécie mais capturada é Callinectes danae. Populações numerosas desta espécie ocorrem nos estuários ao longo de todo o litoral e são alvo de uma pescaria desordenada e excessiva, o que provocou a sua sobrexplotação. O declínio da pescaria pode colocar em risco a subsistência de comunidades tradicionais que vivem dessa atividade. Com o intuito de fornecer informações da biologia de C. danae, foram realizadas coletas trimestrais entre julho/2014 e julho/2016. Durante as amostragens foram utilizadas gaiolas submersas por 12 horas em dez pontos localizados no setor euhalino da baía de Paranaguá. Em laboratório, os indivíduos foram identificados, sexados, separados em jovens e adultos, medidos e pesados. Foram coletados 3.556 indivíduos, 2.285 machos 1.271 fêmeas. Todos os pontos apresentaram uma abundância total equilibrada, com uma média de 444,5 indivíduos (DP±99,68) por ponto, variando de 348 indivíduos na “Ponta do Ubá” a 632 no ponto “Ilha do Mel”. Em relação à proporção de jovens e adultos entre os sexos, foi observado um predomínio de machos e fêmeas adultas, 60,85% e 31,47%, respectivamente. Os jovens foram menos abundantes, perfazendo 3,4 e 4,27% do total de machos e fêmeas, respectivamente. Estudos apontam que indivíduos jovens tendem a ocupar áreas rasas e marismas. Além disto, este acentuado predomínio de machos e fêmeas adultas indica que o setor parece ser um importante local utilizado pelos adultos para alimentação e cópula. As fêmeas ovígeras foram pouco abundantes (1,6% do total), a maioria delas foi encontrada no ponto “Ilha do Mel”, destacadamente o ponto mais próximo com a conexão da baía com o mar aberto. O ciclo de vida dessa espécie, assim como para outras do mesmo gênero, inclui uma fase de migração de fêmeas ovígeras para o mar aberto onde ocorre a desova. Dessa forma as larvas são exportadas para áreas de salinidades maiores e mais estáveis, onde completam o seu desenvolvimento até a fase de megalopa quando já apresentam capacidade osmorregulatória podendo tolerar salinidades mais baixas, e recrutar, assim, nos estuários.