Última alteração: 2017-08-05
Resumo
No município paranaense de São Mateus do Sul, a identidade cultural eslava se expressa, entre outras formas, por meio da religiosidade cristã católica, onde o simbolismo, visto como algo “invisível” requer a cumplicidade por parte dos que fazem uso, sobretudo, por meio das práticas coletivas. Neste cenário, partiu-se das proposições teórico-metodológicas da Geografia Cultural (CLAVAL, 1999) e das Representações (CORRÊA; ROSENDAHL, 2003) com o objetivo de discutir a relação entre religião, tradição e identidade tendo como espaços simbólicos, os cemitérios. Nestes espaços é possível identificar, perceber e compreender momentos históricos, questões sociais, econômicas e culturais das sociedades através do sagrado (ELIADE, 1992) existente na paisagem material e na memória religiosa coletiva imaterial (PELEGRINI, 2009), formadora da identidade cultural (HALL, 2002) e territorial dos lugares. Para tanto, selecionou-se como recorte de análise o Cemitério da Comunidade de Água Branca, no município paranaense de São Mateus do Sul e, nesta seleção de dados de campo foram considerados os princípios da pesquisa qualitativa (MINAYO, 1996) no levantamento de informações e na aplicação das entrevistas semi-estruturadas (SELLTIZ, et. all., 1987) e da História Oral (MEIHY, 2002). Assim sendo, por meio da construção teórica e das pesquisas de campo foi possível perceber os vínculos emocionalmente fortes que fazem destes espaços sagrados locais de peregrinação, tradição, religiosidade e identidade. As romarias, as histórias de vida, os ícones e símbolos, além do culto aos entes queridos marcam tais relações de forma a se evidenciar na paisagem e na memória a identidade cultural polonesa presente na comunidade. Importante ressaltar que esta pesquisa permitiu a “descoberta” de outros espaços sagrados conhecidos localmente como “cemitérios de anjos”, problemática que norteará novo projeto de Iniciação Científica.