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Os jogos são fundamentais na formação da cultura, desenham mitos e criam bases para interação social, seja durante a infância onde o lúdico está constantemente presente, seja em outras idades através das artes, dos jogos desportivos, dos jogos de azar, ou implícitos em outras situações do cotidiano. Nas artes cênicas, assim como nos jogos, propomos mundos outros, mas esses não necessariamente estão em um plano imaginado, eles podem já existir implicados na sociedade, carentes de atenção e vivência, pressuposto muito estudado pela intervenção urbana. Nesta pesquisa buscamos compreender como os mecanismos dos jogos nos permitem criar obras de intervenção urbana, focando em trazer o expectador para dentro da ação como agente ampliando assim seu campo fruição em relação à arte e ao mundo. Para isso criamos ações que se organizaram em um conjunto de instruções a serem recebidas por um possível expectador/jogador que, ao serem executadas, geram uma experiência artística com o mundo. Propomos ao expectador/jogador uma ação direta deslocada das ações que costuma fazer, geralmente requerendo um nível de atenção e uma corporeidade diferente das usuais, ele mesmo se transforma em agente/artista da obra, que se reconfigura a partir de sua perspectiva. Como resultado final foi criado um compilado de pequenos jogos, organizados em material impresso, que propõe novas relações com o ambiente, com si mesmo, com o outro e com o significado da vida cotidiana. Um dos maiores desafios para construção desses jogos/intervenções é abarcar e suscitar alguns “requisitos” essenciais que devem existir dentro do expectador participante ao relacionar-se com as proposições, entre eles, atenção ampliada, disponibilidade psicofísica, abertura sensível à experiência, tempo expandido e engajamento às regras propostas. Quando o jogo objeto desta pesquisa se encontra com o jogador se estabelece uma relação singular e este se torna o único responsável pela qualidade e profundidade de sua experiência.

Intervenção Urbana. Jogos