Última alteração: 2016-07-28
Resumo
Precedendo o manifesto do Cinema Novo em sua estética e argumentação política, Nelson Pereira dos Santos iniciou na década de 50 um modelo de produção cinematográfica fundamentado na cultura popular. Estabelecendo diálogo com a música popular e a literatura, principalmente, a regionalista, Nelson delineia em seu cinema uma série de estudos acerca da representação da identidade nacional na cinematografia brasileira. De moradores da favela a flagelados pela seca, de sambistas a cantores sertanejos, o conjunto de obras do cineasta procura desmistificar a realidade do país e apresentar a pluralidade de sua gente, levantando o protagonismo dos marginalizados e, concebendo do encontro dentre o cinema e outras artes, o diálogo com aqueles que por ele são retratados. Neste diapasão, neste estudo, partindo dos pressupostos teóricos de Antonio Candido, sobre Texto e Contexto, e de Mikhail Bakhtin sobre Forma e Conteúdo, objetiva-se analisar os filmes “Memórias do Cárcere” e “Estrada da Vida”, visando elucidar como na construção destes discursos fílmicos – em sua relação imbricada entre forma e conteúdo –, representa a cultura popular e a realidade social de determinado momento histórico, tornando-se obras clássicas do cinema nacional na representação da identidade do povo brasileiro.