Última alteração: 2016-08-04
Resumo
Este estudo se constitui num esforço para apreender a transformação social do campo na Inglaterra durante a revolução industrial. Para tanto fizemos a análise de textos dos seguintes autores: E. P. Thompson, Eric J. Hobsbawm, George Rudé e Paul Mantoux. A leitura dos textos nos revelou que na Grã-Bretanha ocorreu uma solução original da questão agrária num processo de longa duração. Isto porque a partir da metade do século XVII teve início o processo de cercamento das terras, conhecido como enclosures. Esta situação se intensificou a partir da metade do século XVIII, pois antes que se fizesse explodir a revolução industrial, um fenômeno que consistiu num sucesso econômico, mas trágica do ponto de vista social, o capitalismo britânico procedeu a transformação de campos antes comuns ou abertos em propriedades particulares e fechadas. O mesmo ocorreu com terras de áreas abandonadas, de bosques etc. Dessa forma, o capitalismo foi definitivamente introduzido no campo. Vimos que entre 1760 e 1820 este processo atingiu a maioria dos condados britânicos e que os prejudicados com a redefinição e reordenação da propriedade agrária e sua concentração nas mãos de poucos proprietários burgueses foram os camponeses e os pequenos proprietários. A solução para o problema agrário por meio dos cercamentos se concretizou por meio da violência dos capitalistas sobre as vilas e os trabalhadores pobres do campo, colocando fim aos direitos comunais, por outro lado, a modernização capitalista do campo também teve que derrotar um grupo considerável de proprietários tradicionais. O resultado do triunfo da reordenação da propriedade fundiária foi a disseminação da miséria entre os camponeses expropriados e a introdução do “sistema Speenhamland” de ajuda aos pobres adotado por juízes de vários condados, o que acabou criando uma barreira para o desenvolvimento do trabalho assalariado por aproximadamente quarenta anos.