Iniciação Científica (PIC) e Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (PIBITI), II Encontro Anual de Iniciação Científica da Unespar

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IMAGEM, ALTERIDADE E MODOS DE SUBJETIVAÇÃO: UM DOCUMENTÁRIO DA SEXUALIDADE E INF NCIA PSIQUIATRIZADA
jessica lorena bremem

Última alteração: 2016-08-03

Resumo


Este trabalho refere-se à construção de um documentário que entrelaça ao discurso cinematográfico a experiência de uma criança/adolescente cujo corpo desestabiliza o sistema sexo-gênero-desejo heteronormativo e, assim, tornou-se alvo dos dispositivos de psiquiatrização contemporâneos e de capturas (a)normalizadoras que pactuam redes de saber-poder pedagógicas, psi-biomédicas e jurídicas. A partir de uma reflexão teórica dos estudos foucaultianos, em que transitam as noções de (a)normal, loucura, poder psiquiátrico e dispositivo da sexualidade, bem como também das reflexões pós-feministas e da teoria queer e, sobretudo, a partir dos estudos do fazer documentário sobre uma narrativa de alteridade, especialmente pela perspectiva aberta por Jean-Louis Comolli, desenvolveu-se o processo de produção do filme em questão. Esta trajetória de investigação permitiu enxergar a realização fílmica como algo que se constrói no estabelecimento de conexões entre sujeito-personagem, câmera e realizadora, extrapolando limites de tempo e espaço. A pesquisa também possibilitou reconhecer que a narrativa imagética de si é parte constitutiva deste documentário, no qual o sujeito que é filmado tornou-se também personagem de si mesmo, criando um lugar de interrogação que questiona seu pertencimento, diante de uma câmera que abandona seu papel de mero objeto para atuar como um catalisador vivo, corpóreo, que indaga, reflete, intimida, ao mesmo tempo em que transborda esse encontro/confronto dialógico de subjetividades. Tecer este documentário significou assumir riscos de um encontro que também é enfrentamento, no qual emergiu verdades acerca do sujeito filmado que a ele ainda não pertenciam, e da própria realizadora como tal, em um movimento de extensão, de saída de si ao encontro do outro, de se reconhecer como um outro também, um modo de realização ao devir em que se assumiu o acaso e fez com que o filme se tornasse, progressivamente, um lugar de deslocamentos. Desse modo, através da pesquisa teórica e produção artística deste filme, este trabalho objetiva ser também uma pequena contribuição para que a história da infância contemporânea possa adquirir uma outra mirada desde à abertura para suas vozes e imagens, para além das vozes e imagens dos saberes e poderes médico-psiquiátricos, pedagógicos e jurídicos hegemônicos.



Palavras-chave


Cinema Documentário; Alteridade; Sexualidade.

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