Esta pesquisa analisa a produção teórica de Bogdan Suchodolski (1903-1992), um autor polonês, marxista, que viveu a experiência socialista no século XX e que produziu diversas obras no campo da filosofia, da teoria e da política educacionais. No intuito de identificar sua concepção acerca da relação entre educação escolar e a formação da consciência de classe, investigou-se sua produção teórica e a interpretação dada ao tema pelo autor, a partir do referencial do materialismo histórico. A discussão permite aprofundar os estudos existentes no campo educacional, contribuindo para o avanço do conhecimento sobre o tema e para repensar os desafios que a luta de classes impõe na história. Na tentativa de consolidar o socialismo em seu país, o autor debateu com as demais propostas educacionais voltadas aos interesses dos trabalhadores. Estas procuravam desenvolver sua consciência de classe para municiá-los de elementos capazes de superar o capital. No âmbito dessa discussão, envolta de polêmicas nos aspectos políticos e acadêmicos, Suchodolski retomou os clássicos do marxismo e advogou que a formação da consciência de classe restrita ao contexto educacional e ideológico é ineficaz. Em sua acepção, tal tarefa exige uma mudança no pensamento educacional progressista, pois este necessita não só defender teoricamente as causas dos educandos trabalhadores, mas participar de suas lutas reais. A educação só desempenhará sua tarefa de desenvolver plenamente o homem quando ela estiver ligada não apenas à vida intelectual dos mesmos, mas também a sua realidade material. Sua teoria problematiza boa parte das atuais propostas educacionais, porque preconiza que a formação da consciência de classe não é uma tarefa ideológica e cultural, ela é fruto da articulação orgânica entre uma adequada leitura de mundo e uma consequente ação revolucionária concreta, que transforma concomitantemente a consciência dos homens e suas relações sociais.