Iniciação Científica (PIC) e Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (PIBITI), II Encontro Anual de Iniciação Científica da Unespar

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PODER CÍVIL E RELIGIOSO EM SÃO JOÃO CRISÓSTOMO
Weverton José dos Santos Lima, Marcos Roberto Pirateli

Última alteração: 2016-07-27

Resumo


A presente pesquisa, a partir do estudo das transformações sociais que marcaram o fim do mundo romano (séculos IV ao V), investigou como São João Crisóstomo (? – 407) estabeleceu os limites da relação entre os poderes civil e religioso, e como isto implicava pensar um novo tipo de cidadania, religiosa, própria ao processo de ascensão do cristianismo no período que a historiografia definiu como Antiguidade Tardia. Para tanto, a pesquisa se sustentou em uma metodologia que contempla a necessidade de compreender a organização dessa sociedade como base sobre o qual se fundamenta o pensamento teológico a partir de uma instituição idealizada: a Igreja. Para responder as questões levantadas, a investigação privilegiou como fontes históricas as homilias de São João Crisóstomo reunidas em Da incompreensibilidade de Deus e Da providência de Deus, assim como os seus Comentários às Cartas de Paulo. A teologia que propôs estabeleceu um modelo de Igreja como paradigma para a sociedade, com um tipo de cidadania própria ao cristianismo emergente; pleiteou uma nova estrutura social, a ideia de uma polis cristã onde todos deveriam possuir a cidadania que concretiza no além terra, onde todos poderiam participar, independente da classe social. Com isso, colocou em discussão qual era a melhor opção, a cidade terrestre, ou a cidade celeste, tema caro ao cristianismo na Antiguidade Tardia porque representava o debate sobre qual era a melhor cidadania, e como ambas se relacionavam no tempo; ou seja, as argumentações de João Crisóstomo direcionavam a uma verdadeira proposta formativa para um novo tipo de homem, próprio para a espiritualidade bizantina, idealizado como membro da Igreja unificada. Foi possível verificar durante a pesquisa, como os dois poderes (civil e religioso) eram praticamente interdependentes, interligados. João Crisóstomo foi um dos grandes questionadores da forma como esses poderes se relacionavam e por esse motivo recebeu represálias (como o exílio). É possível perceber como a Igreja em vários momentos se valeu do poder religioso para interferir também nas questões civis e vice-versa. Isto mudou seu impacto social, pois antes era perseguida pelo poder civil, passou a ter seu poder legitimado pelo próprio Estado Romano, não só isso, fez uso desta condição para cristianizar uma sociedade em pleno processo de transformação social.


Palavras-chave


João Crisóstomo; Antiguidade Tardia; Cristianismo.

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