Última alteração: 2016-07-28
Resumo
Este trabalho tem por objetivo demonstrar os resultados de um estudo sobre o romance Extremamente alto & incrivelmente perto (2005), de Jonathan Safran Foer. Tal trabalho tomou como principal foco o problema das limitações da linguagem, tendo em vista que um dos narradores do romance, Thomas, vai aos poucos perdendo a capacidade de falar. Essa limitação é demonstrada tanto em nível temático quanto no plano estético da obra, por meio de páginas deixadas quase totalmente em branco. A relação que se estabelece entre o referido personagem e o bombardeio ocorrido em Dresden durante a Segunda Guerra Mundial permitiu uma conexão entre essa impossibilidade de comunicação e as sequelas de uma experiência traumática, apontando para as recentes discussões sobre narrativas de testemunho. Esse aspecto ainda é reforçado pelo fato de o principal pano de fundo do romance ser o atentado ao World Trade Center ocorrido em 2001, que também consiste em experiência de trauma para os personagens envolvidos no enredo. Em última instância, também procuramos estabelecer um diálogo entre Extremamente alto & incrivelmente perto e algumas características ressaltadas pelas teorias do pós-modernismo. Para a análise crítica da obra, buscamos suporte em autores que tratam da literatura pós-moderna como Hutcheon (1991) e Jameson (1992), autores que tratam do trauma e da narrativa de testemunho, como Seligmann-Silva (2011), bem como autores que representam a fortuna crítica sobre Foer, como Codde (2007) e Uytterschout e Versluys (2008). Os resultados finais apontam para as limitações da linguagem, o trauma, e a fragmentação (identitária e narrativa) como as principais questões presentes na configuração do romance.