Última alteração: 2016-08-09
Resumo
Wabi-sabi é um conceito japonês desenvolvido no século XVI que influenciou diversos aspectos da cultura do respectivo país. Seus princípios se baseiam na simplicidade, efemeridade, e na beleza do imperfeito. Se encontram em diversas manifestações artísticas japonesas como a gravura, a caligrafia, a cerâmica, o teatro, a poesia e a cerimônia do chá. O contexto da pesquisa em questão compreende as qualidades da impermanência, da humildade, da assimetria e da imperfeição estudados por Andrew Juniper em seu livro sobre Wabi Sabi. O encadeamento da pesquisa parte também do livro de Daisetz Suzuki, quem aborda o zen e a cultura japonesa. Todos esses conceitos estão presentes por exemplo na arte da cerimônia do chá desenvolvida por Sen-no-Rikyuu, baseada no zen budista. Ainda, a escrita (shodo) e o estilo de música (honkyoku) que já existiam quando nasce o wabi sabi partilham dos mesmos conceitos de imperfeição. A escrita no shodo prevê letras imperfeitas e os sons das músicas honkyoku são irregulares, sem melodia. O teatro kabuki, a gravura (ukiyo-e) e a poesia haiku surgiram depois e têm grande influência da ideia de impermanência e de efemeridade, por estarem inseridos em uma sociedade preocupada com os prazeres do agora.
O objetivo da pesquisa é identificar a influência da estética wabi-sabi em obras produzidas por artistas ocidentais. Para tal, o procedimento metodológico foi o de primeiramente pesquisar sobre a origem dessa estética, sua presença nas artes japonesas, para então buscar sua influência no ocidente. Como resultado foram identificadas influências no impressionismo, no japonismo, e na arte brasileira. O exemplo mais notório é o movimento impressionista no final do século XIX, quando um dos pontos em comum é a tentativa de capturar e valorizar a rapidez da passagem do tempo. Como conclusão é possível observar que o conceito de impermanência e imperfeição, no ocidente, é distante e de difícil compreensão, mas existe e pode ser identificado. Produções que não utilizaram essa estética conscientemente, mas que contém seus preceitos, são formas de ver de maneira concreta esses conceitos.