O objetivo da pesquisa é analisar as dimensões racionais e sensíveis da experiência religiosa em relatos autobiográficos de Marie-Françoise-Thérèse Martin (1873-1897), procurando investigar, a partir dos aportes teórico-metodológicos em História das Sensibilidades e da Psicologia da Religião, o sentimento de humildade em Santa Terezinha, pertencente à Ordem dos Carmelitas Descalços, na comunidade de Lisieux, Normandia, França. Parte-se do problema do significado do sentimento de humildade, da manifestação sensível em sua produção autobiográfica das influências sociais e psíquicas nas práticas religiosas, as quais comportam elementos simbólicos da tradição cristã, consagrados na história francesa da primeira metade do século XX. Neste sentido, poder-se-á refletir além dos valores éticos, morais e de bondade concernentes à categoria do sagrado, uma vez que o conhecimento sempre surge de uma experiência ou mesmo do desejo de vinculação com o divino. O conceito de numinoso de Otto, que parte de uma interpretação fenomenológica, filosófica e teológica, poderá nos ajudar a entender como Marie-Françoise-Thérèse Martin percebeu o sagrado enquanto mistério divino, que suprime o medo e atrai pela subjetividade da segurança. Sentir e pensar são partes indissolúveis da vida do homem e da mulher, e a consequência disso é traduzir o mundo em razões e sentimentos. A sensibilidade em Teresinha se apresenta como uma operação imaginaria de representações e sentidos do mundo, que torna presente em sua vida o totalmente o outro, e a experiência sensível da relação com o Numinoso, Excelso, Misterioso, Divino, Forte e Santo é o sentimento de humildade. O seu posicionamento é entendido como a forma concreta da ação do Numinoso que altera ou conduz as suas opções de vida. A humildade em Teresinha se torna a expressão pura e concreta de como o sentimento religioso pode agir na vida da pessoa religiosa.