Última alteração: 2016-07-28
Resumo
O objetivo desse trabalho foi analisar a representação da personagem feminina Vanja – uma adolescente de treze anos, que se vê órfã de mãe– no romance Azul Corvo, publicado em 2010, por Adriana Lisboa, escritora de destaque na ficção de autoria feminina contemporânea. Nessa fase crítica de transição entre a infância e a adolescência, ela se muda para o Colorado, parar morar com Fernando, o ex-marido de sua mãe – que a havia registrado como filha, mesmo não sendo seu pai biológico – e, por acaso, acaba fazendo amizade com um menino salvadorenho de 9 anos, Carlos, que promete ficar sempre ao seu lado. Os três amigos improváveis, partem em uma busca melancólica e incerta pelo pai biológico de Vanja. Além dessa busca pelo pai, a menina carioca de coração, se vê perdida e colocada em confronto com a vida, com uma cultura total e completamente diferente, com o sentimento de não pertencer a nenhum dos dois mundos. Muito carioca para o Colorado e muito estadunidense para o Rio de Janeiro, mas insuficiente para fazer parte de algum lugar. A metodologia de trabalho, de cunho bibliográfico e analítico, pautou-se na leitura da obra e de artigos relacionados ao objeto de estudo como, entre outros, Cury (2007), Zolin (2009), Coqueiro(2013). Os resultados da pesquisa mostraram como a literatura contemporânea, em especial o romance de Lisboa, reflete a vida de tantos imigrantes e exilados, que vivem como interseções entre dois mundos, buscando uma identidade sempre provisória, complexa e fragmentada. Com grande sutileza e delicadeza, o romance, sem os clichês tão comuns quando se apresenta o tema do exílio na literatura e/ou no cinema, mostra, a partir da trajetória das personagens, a dificuldade de ser imigrante, sobretudo ilegal, como é o caso de Carlos, e as batalhas travadas, internamente, no difícil processo de adaptação a uma cultura estrangeira.