Última alteração: 2015-11-18
Resumo
Resumo: Nosso objetivo é analisar obra Banquete para Herodes de Fran Lippo Lippi (1406-1469). A investigação é desenvolvida pelo olhar da História da Educação e da Educação Física, os pressupostos teóricos são provenientes da História Social, a qual nos permite dialogar com várias áreas do conhecimento e utilizar a produção imagética como fonte de pesquisa. A análise iconográfica segue as indicações de Erwin Panofsky (1892-1968) no que se refere à análise pré-iconográfica e iconográfica. Nossas reflexões são direcionadas pelas inquietações acerca da compreensão do corpo no contexto na Baixa Idade Média. Sabe-se que durante a Idade Média o corpo e as práticas corporais foram condenados por serem entendidas como pecado. Entre essas práticas corporais, direcionamos nosso olhas para a dança, que era proibida sob a justificativa das narrativas apresentadas pelos evangelistas Matheus (14, 6-11) e Marcos (6, 17-28). Os evangelistas contam que a jovem Salomé, após dançar para o rei Herodes pede, a mando de sua mãe Herodiades, a cabeça de João Batista em uma bandeia. Essa é a cena pintada pelo renascentista Fran Lippo Lippi que nós induzimos a investigar como o corpo/dança de Salomé foi registrado pelo artista. A questão reflexiva constrói-se pela oposição acerca do corpo medieval e renascentista: no Renascimento evidencia-se a preocupação artista com a figuração de um corpo perfeito/belo, sob a inspiração da Antiguidade, o que se opunha ao corpo pecador e condenado durante a Idade Média. Por meio da análise iconográfica realizada, podemos supor que Salomé não representa, na obra o pecado. A jovem vestida com roupas brancas parece executar movimentos leves e delicados, quase angelicais, o que nos possibilita entender que Fran Lippo Lippi não ignora o pecado – expresso pela cabeça de João Batista nas laterais da cena -, mas esse não está na dança. Salomé, talvez, foi o instrumento para a concretização do pecado que, no caso, teve sua origem o plano elaborado por Herodíades. Dessa forma, o artista nos possibilita a supor uma absolvição da dança e do corpo no período que se principiava, o Renascimento.