Há cerca de quinze anos, professores e autores vem criticando a maneira tradicional do ensino da disciplina de Percepção Musical, especialmente no ensino superior (GROSSI, 1999; 2001; BERNARDES, 2000; BHERING, 2003; OTUTUMI, 2008). A heterogeneidade do nível de conhecimento das turmas, falta de dedicação ou motivação dos alunos em estudar a matéria (OTUTUMI, 2008) e a maneira tradicional de ensinar percepção com a fragmentação dos aspectos musicais ao invés da busca pela compreensão da linguagem musical como um todo, são alguns problemas citados. Diante disso, vimos a necessidade de investigar os princípios e pedagogia de educadores musicais da primeira geração dos métodos ativos: Emile Dalcroze e Edgar Willems, pelo fato de ambos terem buscado uma compreensão aprofundada do humano, da aprendizagem musical destacando os aspectos de escuta, da rítmica e do movimento, práticas essenciais para essa matéria. O objetivo específico foi desenvolver duas aulas (uma para cada autor) voltadas a turma de Percepção Musical (ensino superior em música), baseadas em seus métodos. Primeiramente, foi realizada uma revisão bibliográfica, em seguida elaborados um quadro com as características principais de cada autor para subsidiar as ideias, depois, uma ficha-resumo para entregar aos alunos, e, por fim, as atividades. Para que a pesquisa se integrasse às ações disciplinares, foi estabelecida a seção rítmica para ser mais enfatizada na aula de Dalcroze, e a seção melódica de Edgar Willems. A aula de Dalcroze conteve atividades de movimento livre conduzidos por músicas de diferentes estéticas; por criação coletiva de sequencias rítmicas (corporais e com instrumentos), com aprendizado de música brasileira, além de contextualização dos problemas da pesquisa. A aula de Willems iniciou com a leitura de frases e debates sobre as ideias do autor, retomou alguns pontos da aula de Dalcroze e enfatizou os aspectos melódicos de canção, preparada com atividades de perceção de intervalos, por contraste de diferentes movimentos. Os alunos responderam positivamente a proposta, interagindo com espontaneidade e apresentando-a no questionário. A realização das aulas resultou em um material didático com a pedagogia dos autores e também propiciou aos estudantes uma nova reflexão sobre a disciplina percepção musical, bem como a maneira como os alunos estudam e fazem música. A ideia é enriquecer as dicussões sobre a materia, colaborando na integração entre teóricos, o perfil da disciplina e a realidade dos alunos da UNESPAR/EMBAP.