RESUMO: Mundialmente, cirurgias desempenham um importante papel na prevenção de mortes e incapacidades crônicas. Estimativas recentes sugerem que 11% da carga global de doença pode ser tratada com cirurgia. Contudo, somente 30% da população mundial recebem 73,6% destes procedimentos. Isto evidencia que o amplo acesso a assistência cirúrgica não está garantido. No Brasil, igualmente, existem demandas para cirurgias que não atendidas, o que denomina-se as filas de espera para cirurgia. Objetivo: Descrever como ocorre o acesso à assistência cirúrgica no estado do Paraná, na opinião dos usuários dos serviços de saúde. Procedimento metodológico: Trata-se de um estudo documental, com análise quantitativa dos dados. Como fonte de informação foram acessados os registros sobre a assistência cirúrgica do banco de dados da Associação Médica Brasileira e intitulado “A Caixa Preta da Saúde”. Foram selecionados os registros referentes aos municípios que compõem o estado do Paraná. Após a leitura, os registros referentes à assistência cirúrgica, cadastrados no período de março de 2014 a fevereiro de 2015, foram selecionados e analisados pela estatística descritiva. Resultados: No banco de dados “Caixa Preta da Saúde”, houve 185 (100%) denúncias relacionadas à assistência à saúde no estado do Paraná, destas 35 (18,9%) referiam-se à assistência cirúrgica. Dentre as denúncias sobre a assistência cirúrgica, houve predomínio de denúncias sobre a falta de acesso à assistência cirúrgica 25 (62,5%), com destaque para a fila de espera para cirurgia 16 (64%) (média superior a dois anos de espera na fila), este foi o principal fator limitante do acesso cirúrgico pelos usuários paranaenses. Outros fatores limitantes incluíram a fila de espera para consulta com especialista, fila de espera para cirurgia de urgência e fila de espera para exames. Conclusão: A Caixa Preta da Saúde, como canal de ouvidoria para a população, tem importante valor social, pois expõe a realidade dramática dos usuários em situação de espera para cirurgia. Portanto, evidencia-se que o Estado descumpre seu dever de garantir o amplo acesso à assistência à saúde pela população, o que infringe os princípios ético/doutrinários do Sistema Único de Saúde (SUS) da integralidade e universalidade.